DISTOPIA

Esse foi o tema escolhido por mim, Pedro, na nossa 22ª reunião do Cinestéricos e a primeira que será tratada aqui no blog. Mas o que diabo significa isso?

"Distopia ou antiutopia é o pensamente, a filosofia ou o processo discursivo baseado numa ficção cujo valor representa a antítese da utopia ou promove a vivência em um utopia negativa."

Entenderam? Não? Não se preocupem, tentarei explicar. Atualmente esse tema tem estado na boca de todo o mundo literário. Está na moda criar obras literárias numa realidade distópica, como os famosos livros da saga Jogos Vorazes, Feios e Divergentes. Entretanto a definição desse termo é bastante difusa, existe uma definição geral, que descrevi acima, que abarca todas as subdivisões do tema; só que essa definição é muito vaga e abrangente, sendo assim difícil de determinar se certo livro ou filme é uma distopia ou não.

Tentarei elucidar um pouco essa questão; e para isso, vamos para a origem da palavra. O primeiro uso conhecido da palavra 'distopia' apareceu num discurso ao Parlamento Britânico por Gregg Webber e John Stuart Mill, em 1868. Nesse discurso, Mill disse:

"É, provavelmente, demasiado elogioso chamá-los utópicos; deveriam em vez disso ser chamados dis-tópicos ou caco-tópicos . O que é comumente chamado utopia é demasiado bom para ser praticável; mas o que eles parecem defender é demasiado mau para ser praticável."

Portanto, Mill se referia a um lugar mau, ao oposto de utopia.




Mas ainda assim, como definir as “n” subdivisões da distopia, como: distopia que é a que trata do governo opressor vs oprimido; distopia tecnológica (também conhecida como Cyberpunk), definido por “quanto maior o conhecimento científico, pior a qualidade de vida da população”; a distopia pós-apocalíptica é aquela cuja pessoa tem que sobreviver num mundo pós-apocalíptico (guerra nuclear, desequilíbrio da natureza...); E ainda: criminosa, prazerosa, alienígena, feminista e corporativa.

Enfim, são inúmeras as classificações de um mundo distópico; e falar que um filme ou livro é simplesmente distópico não tem como saber se estão falando sobre a sobrevivência num cenário destruído, numa crítica à desumanização causada pela evolução tecnológica, se será uma simples aventura em busca de algo perdido ou colocar em evidência o abuso do poder.

As distopias são geralmente caracterizadas pelo totalitarismo, autoritarismo e/ou por opressivo controle da sociedade; ou seja, geralmente se apresenta como uma forma de limitação da liberdade de forma negativa. Alguns casos são extremos, como acontece em 1984 e Jogos Vozares, cujo personagem passa por um processo de desumanização. Em outros exemplos, como em Fahrenheit 451, a pessoa perde a liberdade de pensar; e em Destino – Matched, a pessoa perde a liberdade de ser diferente, e por ai vai.

Resumindo, no fim das contas, a distopia se desenvolve quando as pessoas perdem suas liberdades básicas. Se vocês listassem as declarações dos direitos e elaborassem um mundo restringindo tudo o que tem na lista, criariam uma versão extremamente negativa do nosso mundo, ou seja, um mundo irrealmente negativo, maligno... um mundo distópico.

Fora os filmes citados do texto, segue a lista de alguns filmes considerados distópicos:

  • Alphaville (Jean-Luc Godard – 1965);
  • Planeta dos Macacos (Franklin J. Schaffner - 1968);
  • Laranja Mecânica (Stanley Kubrick - 1971);
  • Soylent Green (Richard Fleischer - 1973);
  • BladeRunner (Ridley Scott – 1982);
  • 1984 (Michael Radford - 1984);
  • Brazil (Terry Gilliam – 1985);
  • Robocop (Paul Verhoeven - 1987);
  • Gattaca (Andrew Noccol - 1997);
  • O Show de Truman (Peter Weir - 1998);
  • Clube da Luta (David Fincher – 1999);
  • Matrix (Andy Wachowaski; Lana Wachowski - 1999);
  • MinorityReport (Steven Spielberg - 2002);
  • Equilibrium (Kurt Wimmer - 2002);
  • AEon Flux (Karyn Kusama - 2005);
  • Sin City (Robert Rodriguez; Frank Miller; Quentin Tarantino - 2005);
  • V de Vingança (James McTeigue - 2005);
  • Filhos da Esperança (Alfonso Cuarón - 2006);
  • Watchmen (Zack Snyder - 2009);
  • Não Me Abandone Jamais (Mark Romanek - 2010);

Entre outros...

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